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CNTE. Trabalhadoras rurais reuniram-se em ato pela reconstrução do Brasil, em Brasília

CNTE Marcha das Margaridas

Foto: Renato Braga

Mais de 100 mil mulheres trabalhadoras rurais, sindicalistas, apoiadores políticos e da sociedade de todo o Brasil reuniram-se em Brasília, na manhã desta quarta-feira (16), para a 7ª edição da Marcha das Margaridas, em busca de visibilidade às pautas das mulheres do campo, da floresta, das águas e das cidades. 

Entre os apoiadores da CNTE, a secretária Geral, Fátima Aparecida, a secretária de Finanças, Rosilene Lima, a secretária Executiva, Ana Cristina da Silva e a secretária de Relações de Gênero, Berenice D’ arc, estiveram presentes, representando o apoio da instituição ao movimento. 

Nesta edição, a Marcha traz o tema: «Pela Reconstrução do Brasil e pelo Bem Viver», demandando o restabelecimento de políticas públicas e direitos da população rural, ribeirinha e camponesa, fragilizadas durante o governo do ex-presidente Bolsonaro, pela devastação veloz da natureza e da biodiversidade, associada ao reforço das multinacionais da mineração e do agronegócio e o sacrifício da soberania nacional e popular.

A Marcha das Margaridas iniciou na terça-feira (15) com a sessão solene de homenagem às Margaridas no plenário do Senado Federal, e uma série de painéis e oficinas educativas e culturais, no pavilhão do Parque da Cidade, onde estão acampadas.

A partir das 7h da manhã desta quarta-feira (16), o movimento deixou o acampamento, reunindo milhares de mulheres e apoiadores, rumo à esplanada dos ministérios em direção ao Congresso Nacional, onde parlamentares da Câmara dos Deputados, ministros, além do Presidente Lula, acompanhado da primeira dama, Janja, receberam as trabalhadoras com discursos em apoio aos eixos políticos do grupo e respostas às pautas entregues ao poder executivo e ao legislativo.

As Margaridas

Organizada a cada 4 anos pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG), e com o apoio de entidades sindicais, o movimento homenageia a memória de Margarida Maria Alves, paraibana, sindicalista e defensora dos direitos humanos, brutalmente assassinada em agosto de 1982 aos 50 anos. 

Margarida se tornou símbolo da luta pela igualdade de direitos das mulheres do campo através do movimento, que desde o ano 2000 reúne milhares de mulheres da classe trabalhadora, rurais, camponesas, jovens, urbanas, indígenas, quilombolas, assentadas, acampadas, assalariadas, pescadoras, coletoras entre outras, das 5 regiões do país e do mundo.

Segundo a diretora da secretaria de Mulheres Trabalhadoras Rurais, da Contag e coordenadora da Marcha das Margaridas, Mazé Morais, além das milhares de mulheres presentes na caminhada, a edição de 2023 recepcionou delegações de 33 países diferentes, representando, a classe trabalhadora dessas nações. 

Além da representação da CNTE, entidades filiadas à Confederação o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Goiás (Sintego), o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação do Ceará (Sindiute), a Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul (Fetems), o Sindicato dos Trabalhadores em Educação no Estado do Tocantins (Sintet), o Sindicato dos Professores no Distrito Federal  (Sinpro-DF), o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Espírito Santo (SINDIUPES/ES),Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Mato Grosso (SINTEP-MT), o Sindicato dos Professores de Estabelecimentos Oficiais do Ceará (APEOC), o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP), o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Paraíba (SINTEP/PB), o Sindicato dos Servidores Públicos em Educação no Amapá (SINSEPEAP/AP), e o  Sindicato dos Profissionais do Magistério do Ensino Público Municipal de São Luís (SINDEDUCAÇÃO) também participaram desta edição da Marcha. A Central Única dos Trabalhadores (CUT Brasil) também marcou presença. 

Fátima falou sobre o papel que a CNTE e suas entidades filiadas têm desempenhado na Marcha das Margaridas, pela busca de políticas públicas que atendam as necessidades de cada setor das trabalhadoras do país. «É parte da nossa agenda fortalecer o elo entre as mulheres rurais e as mulheres da cidade, na luta por essa equidade», ela conta.  

«Temos participado com forte apoio em todas as edições da Marcha das Margaridas, com educadoras do Brasil inteiro, lutando, juntas, por políticas públicas que proporcionem mais equidade na relação do mundo do trabalho que ainda é tão desigual», comentou.


Segundo Mazé, ao longo do trajeto até o encontro com parlamentares e com o presidente Lula, o clima entre as Margaridas era de muita expectativa e esperança de uma resposta positiva em relação às pautas enviadas pelo movimento ao legislativo e ao executivo.

“Essa marcha, diferente da edição de 2019, em que nos reunimos em ato de resistência, caminha para a reconstrução do Brasil, do bem viver e da valorização das mulheres trabalhadoras rurais desse país», afirmou Mazé.


Pautas

A edição 2023 da Marcha das Margaridas busca  a restauração de políticas enfraquecidas durante os últimos quatro anos de governo Bolsonaro. Dentro do propósito, foram apresentados 13 eixos políticos que movimentaram a caminhada, sendo eles:

  1. Democracia participativa e soberania popular;
  2. Poder e participação política das mulheres;
  3. Autodeterminação dos povos, com soberania alimentar, hídrica e energética;
  4. Democratização do acesso à terra e garantia dos direitos territoriais e dos maretórios;
  5. Vida saudável com agroecologia e segurança alimentar e nutricional;
  6. Direito de acesso e uso da biodiversidade, defesa dos bens comuns;
  7. Proteção da natureza com justiça ambiental e climática;
  8. Autonomia econômica, inclusão produtiva, trabalho e renda;
  9. Educação pública não sexista e antirracista e direito à educação do e no campo;
  10. Saúde, previdência e assistência social pública, universal e solidária;
  11. Universalização do acesso à internet e inclusão digital;
  12. Vida livre de todas as formas de violência, sem racismo e sem sexismo;
  13. Autonomia e liberdade das mulheres sobre o seu corpo e a sua sexualidade;

Na cerimônia de encerramento do ato, entre os deputados que discursaram, a deputada Maria do Rosário (PT) mencionou que “a Marcha das Margaridas veio para consolidar os caminhos da democracia brasileira”. 

Entre as respostas positivas aguardadas pelas trabalhadoras, a parlamentar foi responsável por anunciar o projeto que inclui o nome de Margarida Maria Alves no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, do Panteão da Liberdade e da Democracia.

Decretos

Ao todo, o presidente Lula assinou oito decretos em resposta às pautas reivindicadas pela Marcha das Margaridas, sendo esses: 

A instituição do Programa Quintais Produtivo para Mulheres Rurais, em promoção a segurança alimentar;

  • A retomada da Reforma Agrária com atenção às famílias chefiadas por mulheres;
  • A instituição de uma Comissão de Enfrentamento a Violência no Campo; 
  • A instauração de um Grupo de Trabalho Interministerial para o Plano Nacional Juventude e Sucessão Rural, que oferta serviços públicos para a população jovem da agricultura familiar, ampliando oportunidades de estudo, trabalho e renda para o grupo; 
  • O programa Nacional de Cidadania e Bem Viver para as Mulheres Rurais; 
  • Criação do Pacto Nacional de prevenção aos feminicídios; 
  • Retomada da Política Nacional para os Trabalhadores Rurais Empregados;
  • E a retomada do Programa Bolsa Verde, que auxilia famílias de baixa renda em áreas ambientalmente protegidas.

Durante o discurso, o presidente Lula mencionou que o Brasil voltou a dar atenção às mulheres do campo e a cuidar daqueles que mais precisam. Em meio a celebração das trabalhadoras pelos oito decretos assinados, comentou que “a mulher não é e não pode ser tratada como uma categoria inferiorizada”. 

Ele ainda continua, citando que “os poderosos, os fascistas e golpistas podem conseguir matar uma, duas ou três margaridas, mas jamais conseguiram evitar a chegada da primavera”, recitou.

Fuente: CNTE

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